Quando lecionei para meninos e meninas da 5ª série em uma escola pública do Pará, há uns 30 anos, lembro-me, naquele tempo via-me apenas como um jovem bem intencionado em meio à poeira dos caminhões madeireiros e a pós-de-serra de uma grande indústria predadora.

O que fazia um jovem paulista em meio ao eldorado de mognos, cedros e castanhas-do-Pará dando aula de redação e português? perguntavam-me…

Tinha um aluno, filho de trabalhador da floresta, chamado Uoshinton (SIC), um gênio, que um dia me questionou, assim, na lata:

– Professor, o que o senhor faz aqui, nesse mundo de meu Deus?

Assustado com a pergunta, vindo de um menino de 10, 11 anos, no máximo, respondi:

– Minha mãe foi professora. Tá no sangue…

Hoje, recordando os fatos, acredito que cumpri uma missão sem saber.

Deus é enigmático em seu tempo.

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