Filho de jardineiro

Cultivas o dom do diálogo

e nesta caminhada por entre pedras e observatórios

quis comprar uma luneta para interpretar os astros

 

Filho de jardineiro

mesmo sem aprender a profissão do pai

tens o intuito de cultivar

 

Todos admiram a sua forma de plantar

Se a terra é seca, umedece-a

Se a terra é fraca, fortalece-a

Se a terra é pobre, enriquece-a

Se não há terra, vai buscá-la

 

Filho de jardineiro

mesmo sem saber, durante anos

ensinaste-nos a plantar

 

Em sua terra há vinhedos e oliveiras

Além de touros e um tal de Don Quixote de Cervantes

 

Está explicado porque trazes essas qualidades

e esses defeitos que manifestas onde pisa:

Buscas uma colheita de terceira, quarta

quinta grandeza

 

Colheita incógnita que não verás, pois

ela está além dos moinhos de vento de tua terra natal

está além das estrelas que procuraste um dia

e além da tua própria vida.

 

Filho de jardineiro, que veio de Alicante

continuas a plantar em nossos pobres corações

(essa terra pobre de água barrenta e caminhos insepultos)

Se quiseres te mostro a direção dos moinhos

e como paga levo ao Rei notícias do infante…

 

(5 de abril de 2015 – domingo de Páscoa)

* poema dedicado ao amigo Juan Lledó Berenguer

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