Ao nascer,
estrear na vida
me inundei de ar
perdi o fôlego
mas
desesperado

De um minuto
pra outro
virei
amado

Minha mãe
não tem cor
nem nacionalidade
ela é um ser
à parte
e sem classe social
entrega
sua paz,
vida
e tempo
ao meu ser pequenino
e inaugural

Sua fonte
de mel
e seus olhos
nos meus
conquistaram
minh’ alma
de imediato.

Sua fronte
era o céu
minha origem
e gênese
meu corpo
virgem
grudou
em seu
peito
feito
carrapato.

O berço
meu altar
inicial
Lá eu vi
as estrelas
de papel

luas de cartolina
dançando
no meu
infinito pessoal

E seu rosto
bela!
surgia
em meio
aos primeiros
raios de sol
da janela

No quarto
espaço
das descobertas
paredes coloridas
não impediram
os minutos
a sós
e veio o
primeiro
medo
com a ausência
de nós

Esse encontro
diário
era sem hora prevista
e o seu amor
era entregue
na hora
sem prazo
e à vista.

O seio
a voz
as mãos
e o alimento
eram
os pilares
centrais
de meu pequenino
templo.


Naquelas
primícias do tudo
corpo e alma
ficavam mudos
só para ouvi-la
cantar

seu canto
pousa
ainda hoje
n’ alma
com carinho
atravessa o céu
o pássaro
e entra no ninho

Hoje
depois
do tempo
distante
do espaço
entre o princípio
e o aqui
tenho a riqueza
do encontro
de mim mesmo
em ti

O toque
e o particular
calor maternal
tornam
mais suportável
os dias de frio
e você mamãe
corre
em mim
como
um rio.

Senhora
ou jovem
mamãe
conserva em ti
aquela alegria
incontida
do meu instante
rebento

A hora
exata
em que surgimos
aqui
e
no firmamento
cintilou a estrela
do meu
do seu
do nosso
nascimento.

(Aeroporto de Congonhas, SP, maio 2019)

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Muito bom Paulo! Desconhecia essa tua veia poética e de escritor. Uma raridade na imensa ignorância que inunda o mundo. Parabéns e obrigado pelo envio. Grande abraço.

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