por PAULO ATZINGEN
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O emaranhado de janelas

guarda atrás

cada uma delas

o pedaço de futuro 

projetado bem antes

no labirinto do 

depois

desses corações puros

que fazem planos

e inventos

torres e prédios 

de construção civil

nesse emprenhamento

de pátria chamada Brasil.

 

A urbe cresce tal

serpente

e a anaconda 

imobiliária 

com sua língua 

transparente

promete apartamento

com varanda gourmet

àqueles seres vivos

que na seleção 

da espécie

foram coniventes

ao sistema financeiro

pagando com juros

taxas e dividendos

A dívida exorbitante

do banqueiro. 

 

Essa triangulação 

do empréstimo bancário 

aos fundos de investimento

teve o aval do palácio 

e do congresso nacional

numa desfaçatez 

que trás em seu bojo

um lesa-pátria 

um desfalque cívico 

um assalto ao povo. 

 

Tal um crime hediondo

isto se configura

porque não permite

ao trabalhador de bem

e sua família

ter um destino melhor

e com mais.

É  preciso se contentar

com casas de pombo

esmolas institucionais.

 

Do pai ou da mãe 

nasce primeiro o sonho

um projeto envidraçado 

com garagem

e solário 

para que ninguém 

filho neto sogro 

avô cunhado

tia enteada 

e o diabo a quatro

viva solitário.

 

Cria -se a comunidade

e a pedagogia

do comprimido

distribui-se gotas

de alucinógeno 

aspirina e sal de fruta

eno

liberado no Supremo

e detrás 

do mecanismo

e de todo estratagema

conquista-se o 

Habite -se

sob uma dura pena

e sob folhas 

de Brasilit.

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