Por Paulo Atzingen

Onde há sinceridade
eu curto
onde há maldade
eu mudo.
Quando o self mostra-se
por ele mesmo
só vejo
Mas se é pra ajudar
eu beijo.

Que hipocrisia em querer ser bom
na fotografia
que mediocridade em querer ser mais
enganar a si
e a própria tia.

Onde existe arte
pactuo do meu like
se existe amor, paz
e esperança na imagem
até comento
a audácia
pela coragem.

Se existe fé
na exposição gratuita
minha mente fotografa
e diz pra ela mesma:
É bonita.

O Facebook hoje é um divã
em que a princesa
da periferia
o operário engravatado
a menina, o padeiro e o gari
saem à luz
e mostram toda sua alegria
sucesso e infortúnio
cobertos por um capuz.

Essa ferramenta digital
ultrapassa as linhas do humano
egocentrismo
sacrifícios são feitos
em nome do exibicionismo.
nega-se a mãe e a família
fingem-se viagens
escondendo-se em casa
postando uma foto
em uma ilha.

Mas há campanhas
a favor da África
e das crianças abandonadas
de vários países
Volta e meia se cria fundos
solidários para extirpar
a miséria, cicatrizes
O horror do mundo.

Essa ferramenta digital
é importante porque devolveu
ao solitário e ao abandonado
a incrível sensação
– embora artificial –
de ser amado.

Sim, essa mídia social
juntou famílias
que não se viam há tempos
e reatou amores
amizades
e novos relacionamentos

Só que deveria haver
um imposto
a todos aqueles que postam
coisas de mal gosto.

E uma lei internacional
um tratado entre governos
para multar
e levar a juízo
em caso reincidente
todo aquele que mostrar
insistentemente
sua dose alta de egoísmo.

São Paulo, 18 de janeiro 2020

Compartilhe:

DEIXE UMA RESPOSTA