Essa imagem da praia
que me mandas, mana
com as duas ilhas ao fundo
Será a Montão de Trigo
ou a Alcatrazes
sob o azul profundo?

Na verdade não importam
os nomes e a identificação precisa
Nem a areia
Nem a distância
O que vale era a busca
o caminho à cachoeira
à praia Brava
a recuperação da infância.

Essa foto que me mandas, mana
vejo
o contorno da Mata Atlântica
que se deita sobre a estrada.
Ela agora tem asfalto
aquela mesma que avistávamos
subindo pelo gasoduto
e olhando lá do alto.

Lembro das caminhadas
o mar enchendo e vazando
os pulmões
a algazarra da onda quebrando
na praia
dava som ao dia com seu estrondo
e o entendimento perfeito
do que era uma praia de tombo.

Lá na ponta da curva
no sentido do por do sol
no canto da ferradura
tem uma prainha secreta
com um mar ainda mais forte
e insano.
tem lá uma piscina
esculpida
nas pedras pelo oceano.

Andando um pouquinho mais
pela prainha
surgia no pé da encosta
um milagre da natureza
transfigurado de repente
a biquinha
com sua água limpa
que brotava – um presente.

Nos tempos de acampamento
não tínhamos medo de nada
A barraca era erguida ali
sob as bênçãos do deus vento.

Essa foto que me mandas,
mana
entre as duas ilhas
será a Alcatrazes
ou a Montão de Trigo?
Na verdade não importa
já estou agradecido.
Estás em Boissucanga.
Precisão aos navegantes
Viver não é preciso.

São Paulo, maio/junho 2021

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