O livro Neil Young A Autobiografia que leio é de um autêntico e sincero hippie da década de 60 que fez e ainda faz história nos Estados Unidos. Young com sua gaita e suas letras de ativista político, ambientalista e filantropo me foram apresentados há algumas décadas atrás por um amigo que iniciava seus estudos de agricultura alternativa nada convencional no país do agrobusiness.

O tijolo, digo, o livro da editora Globo – teve sua primeira edição  em 2012 e traz uma sequência de histórias do músico canadense com uma força original sem fronteiras e atemporal. Este músico, que experimenta a aventura de escrever seu primeiro livro aos 65 anos (isso em 2012, hoje ele beira os 74) narra as viagens de um jovem canadense de Winnipeg em busca de um lugar ao sol nos Estados Unidos. Buscou e achou.

As letras e as canções de Neil Young revelam a extirpe a qual pertence esse artista. Fugiu de tudo o que era convencional, desagradou gravadoras, não se enquadrou ao showbusiness padronizado americano e mesmo assim produziu 34 discos de rock, folk e música country, com toques de blues, techno e outros estilos.

Neil Young é além de músico, um inventor e um viajante. Sim, nas quase 400 páginas do livro ele descreve suas viagens pelas estradas americanas e os nomes e adaptações que dava a seus carros a seus  projetos fracassados e os que deram certo. Narra do alto de sua maturidade as dificuldades e as alegrias em ter tido dois filhos tetraplégicos.

Fala das amizades com Bob Dylan, Bruce Springsteen e de sua bandeira em defesa da qualidade da música.  Em várias partes de seu livro Young se mostra preocupado com a qualidade do som e como essas músicas são comercializadas.

Para Young o som é algo mais complexo do que se apresenta. “Na era da tecnologia nós nos acostumamos à conveniência e à facilidade. Crescemos na era do oportunismo. Os vídeos e as músicas podem ser compartilhadas e vistos pelo mundo afora, assim como a música, como qualquer documento, e isso é bom, no entanto, perdeu-se a qualidade”, escreve ele em seu livro.

Não vou descansar até que a PureTone ou algo semelhante esteja disponível em escala mundial para aqueles que amam a música. Esse é o som do século XXI. É o som que somos capazes de entregar. É a música”, escreve.

Escrito em 2012 ele considera os serviços de streaming em tempo real pela internet (spotfy, por exemplo) como as novas rádios. “O streaming alcança milhares e milhões de pessoas, mas criou um imenso vazio em termos de qualidade”…

Esse é Neil Young, em seu livro A Autobiografia:

Quando a música é sua vida, existe uma chave que o leva à essência.  Sou tão grato por ainda ter a Craze Horse. A banda é minha janela para o mundo cósmico onde a inspiração vive e respira. Eu me encontro ali e sou transportado para uma parte especial da alma, na qual aquelas canções pastam como búfalos. O rebanho ainda está lá, e as planícies são infinitas. Chegar lá é a chave, e a Crazy Horse é a minha maneira de fazer isso. (…) Aceito a natureza extrema de minhas bençãos e dos meus fardos, meus presentes e mensagens, meus filhos com suas características únicas, minha esposa com sua beleza e renovação infinitas. Estou sendo muito cósmico quanto a isso? Acredito que não, meu amigo. Não duvide de minha sinceridade, pois foi ela que nos colocou um diante do outro agora”.

Ele falou diretamente comigo e com milhões de leitores que o seguiram até aqui usando sua principal matéria prima, que é a sinceridade por meio da sua música autêntica. O som da gaita de Neil Young que conheci há 30 anos ainda reverbera entre os canteiros do longínquo colégio agrícola de Mirassol, ali, ao lado de São José do Rio Preto.

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