Ô, Edu, vc começou a dirigir com 12 anos é verdade?

Sim! eu, com 12 anos de idade, mais ou menos, 11 prá 12 anos, comecei a sair com o jeep do “véio” escondido!

O “véio” viajava pra São Paulo pra vender dormente pra estrada de ferro, fechar contrato com a estrada de ferro, o irmão Noé estava pra escola, a empregada estava em casa, mas, a empregada não falava nada do que eu fazia, cuidando da Beth, cuidando dos outros. E eu ía funcionar o jeep e saía da garagem com esse jeep.

A garagem, na saída da rua Juazeiro, n° 32, era uma saída de terra, rua de terra. Eu saía com o jeep da garagem, de ré.

Wenceslau?

Em Presidente Wenceslau. Botava lá uns quatro amigos meus, da mesma idade, 11, 12 anos, botava eles no jeep e a gente ficava dando um rolê com o jeep alí na praça, nas ruas do bairro, aí voltava com o jeep de volta prá garagem, antes da minha mãe chegar, antes da “dona Dady” chegar, antes do Noé chegar da escola, punha o jeep na garagem, arrumava um ramo de capim, apagava o rastro do jeep na rua, na entrada da garagem e deixava lá, tranquilo. Isso eu fiz 4, 5, 6, 7, 8, 10 vezes, sei lá.

Um belo dia, “seu Noé” tinha viajado e eu peguei o jeep e saí. Numa dessas saídas, o jeep enguiçou na rua. Aí, o jeep enguiçou na rua e eu, desesperado! Meus amigos sumiram, me largaram sozinho lá com o jeep enguiçado. E eu fui no mecânico, se chamava Florêncio.
Eu fui no mecânico que prestava serviço pro “seu Noé”. E cheguei lá no mecânico e falei prá ele o seguinte: – Ô, Florêncio, meu pai enguiçou com o jeep na rua. (meu pai não táva nem lá, meu pai tava prá São Paulo). Meu pai enguiçou com o jeep na rua e ele pediu prá vir aqui prá te avisar prá vc ir lá “desenguiçar” o jeep, que o jeep tá enguiçado.

O Florêncio já tinha me visto andando com esse jeep na rua outras vezes e sabia que o problema não era “enguiçado”, que o problema era outro, o jeep tinha acabado a gasolina, aí, o Florêncio falou pra mim:

– “Ó, você tá ralado porque você fundiu o motor do jeep!”

E eu queria era morrer, porque eu nem sabia o que era “tinha fundido o motor do jeep”! Aí, fiquei desesperado com aquilo, o que é que tinha acontecido.
O Florêncio guinchou o jeep prá casa, guardou o jeep na garagem, o jeep ficou lá na garagem, preso lá, até o “véio” voltar.

Quando o “véio” voltou, o Florêncio contou prá ele que foi me socorrer, que o jeep tinha enguiçado na rua, mas, na realidade, ele não tinha enguiçado nada, tava era sem gasolina!
Você imagina o aperto que eu passei prá falar pro “véio” que o jeep tinha fundido o motor e que na realidade não era nada disso, é que tinha acabado a gasolina na rua.

SEGUNDA PARTE

Bom, aí meu pai chega de viagem e vai funcionar o jeep e o jeep não funciona. Meu pai achando que estava com defeito, vai procurar o Florêncio, o mecânico. O mecânico já sabia da história, que prá evitar um problema, prá evitar um acidente, sem avisar minha mãe, sem avisar ninguém, guinchou o jeep prá garagem, sem gasolina, e deixou o jeep lá.

Meu pai chegando, o jeep não funcionava, achou que estava com defeito, foi buscar o mecânico. O mecânico falou para o meu pai que o problema era combustível e que tinha me visto andando na rua com o jeep carregado de colega meu, da mesma idade, 11, 12, 13 anos de idade, a molecada lá, os vizinhos, aí, ele guinchou o jeep prá garagem.

Meu pai foi lá buscar o mecânico e eu já fiquei preparando o “lombo” prá surra, porque eu já sabia que ele ía chegar de lá do mecânico e já ía levar uma “pêia” do “véio”.

O “véio” chega da oficina junto com o mecânico, o mecânico com um galão de gasolina, uma mangueira no jeep dele, aí botaram gasolina no jeep.

Funcionaram o jeep do “véio”, beleza, tranquilo, eu já fiquei mais tranquilo um pouco porque o jeep funcionou, mas, sabia que ía levar uma “pêia” porque o “véio” ía querer saber como é que eu estava na rua andando com esse jeep.

O mecânico foi embora e o “seu Noé” me chama:
– Vem aqui!
Eu falei: – É agora! É agora que eu vou levar uma “pêia”!
– Entra aí!
Eu falei: – Meu Deus do céu!
Entrei no jeep do lado dele, no banco do passageiro. Ele saiu com o jeep, foi lá prá pista do Aeroclube da cidade, lá de Presidente Wenceslau. Era uma pista de terra! Aí parou o jeep lá numa ponta da pista e falou:
– Toca aí! toca aí!
Aí, eu, com medo, eu achei que ía apanhar, aí: – Toca aí! Toca aí!

Sentei no banco do motorista, saí com o jeep, engatei 1a, 2a, 3a, pq só tinha 3 marchas aquilo.

Aí, andei, aí: – Anda de ré!
Aí, engatei uma ré, andei de ré.

– Vai prá lá! Faz isso, faz isso, tal…Beleza! Tá andando bem! Tá dirigindo muito bem! De hoje em diante, aonde eu for, se você não tiver fazendo nada, não tiver na escola, você vai ser meu motorista!

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