Minha mãe tinha umas revistas com fotografias do Brasil. Eu tinha cinco anos.
Minha mãe me contava histórias do Gato de botas, do Pinóquio e do Barba-azul. Eu viajava pro interior.
Sabia que as imagens da revista eram viagens reais, para além da minha calçada.
Três imagens mexiam comigo: o coqueiro do gogó da ema, em Maceió, a Transamazonica, no Pará e a taça, em Vila Velha. Elas eram minhas viagens internacionais para fora dos meus cinco anos…
O coqueiro foi arrastado pelo mar.
A Transamazonica virou pó.
A taça permaneceu de pé, intacta e hoje eu a vi. Ela está lá, polida pelo tempo. Ainda mais bela que antes, na fotografia.
Faço um brinde í s viagens pro interior mesmo quando elas são fruto da realidade.
(Aeroporto de Curitiba, 26 de agosto)