Essas vozes que escuto ao longe
misturadas ao ladrar de cães
juntam-se ao meu lamentar criativo
montanhas de palavras sem sentido
pedras, paus, pombas, pães.

Com tudo isso penso o que faria
se não tivesse o verbo como sócio
Minha mansão não sei como construiria
tendo o sonho, o plano e o projeto
sem minha materia-prima essencial
para as paredes, o chão e o teto.

Ouço o caminhão acelerar na rua
uma bomba cair na Ucrânia e um grito
Neste aquário de dor e de ar
meus sentidos se enchem de um mar
longínquo, humano, infinito.

Dessa sintonia com as coisas do mundo
projeto para dentro meu contar mais profundo
Visito meus campos de trigo no Colorado
minhas estradas de ferro na China
meus arranha-céus em um país europeu

E tudo o mais, o que o silêncio me deu.

Paulo Atzingen (Janeiro 2024)

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