Os 12 km entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba se transformaram em 15 porque fui na fé e na informação de um senhor deficiente físico sentado no ponto de ônibus na estrada. Por engano, ou maldade, ele me indicou o caminho de terra à esquerda: “basta passar a linha de trem e seguir nessa lasqueira f…a* de estrada”. Eu fui nessa lasqueira f…a* de estrada e não só engoli poeira como opção, como enfrentei um terreno cheio de pinguelas, com mistura de areia e cascalho e remendado pela prefeitura de Santo André, uma lasqueira f…a* de estrada mesmo. Gostei muito da sinceridade do homem deficiente no ponto de ônibus da estrada pavimentada. Foi ótimo, se estivesse seguido na pista linda asfaltada e sinalizada meu treino pré-Caminho das Missões seria incompleto. Tenho só que melhorar o palavreado, ou mantê-lo para garantir originalidade, não sei. Não deixarei de falar com pessoas à beira da estrada.
A estrada de terra não tinha lá grande beleza, e a caminhada foi intercalada por placas que me diziam que eu estava em um Parque Estadual e em área preservada e protegida. De placas somos ótimos. Vi lá atrás, na estrada pavimentada, placas ostensivas: “Área Particular – Se afaste!; Câmeras filmando – Não entre!; Cerca elétrica – Perigo!; Não serviu pra nada. Uma moçada, um grupo com aquela idade da revolução (será que ainda existe isso?) com seus 20 anos, com cabelos pintados passava pelo arame farpado e seguia em direção à cachoeira proibida. Que saudade!
De volta à estrada de terra, de novo me bateu aquela ideia antiga: os carros passam com pressa para alcançar o seu destino final e pronto, depois voltam! A invenção do carro deve ter sido na mesma época do orgasmo precoce.
Com as pernas em dia e um início de cansaço avistei o relógio da Vila dos Ingleses. Em 3 horas e alguns minutos chegava ao destino e fui recebido por uma alameda de hortênsias empoeiradas, mas eram hortênsias de verdade em seu apogeu de primavera.
São Paulo, 29 de dezembro de 2025.























