por Paulo Atzingen (texto e fotos)
No domingo foi o dia
da chegada de Cristóvão
à capital dominicana.
Sem cocar
zarabatana
bodoque e arco e flecha
esse índio sem República
sem tostão e sem igreja
foi catado de assalto
sem direito à defesa.
caraíbas carambolas
caras pálidas
na sua praia.
Botas longas
Bota ibérica
Bota bélica
Pisam mundo
fora afora
levam tombo
deixam rombo
e o ovo americano
por um lapso
por engano
tem sua gema
extraída
por esse tal de Colombo.
Fortaleza feita em pedra
defende o ouro e a prata
Os bocados da igreja
e as cotas da esquadra
inglesa pagam Drake
que ataca de tocaia
Naus dormem ao mar
E a bretanha
elegante
com nobreza
violenta
Levam a parte
que lhe cabe
à amada
rainha
louca velha e sedenta.
100 anos antes
N’ uma briga com o vizinho
conquistado por franceses
Trazem ao Haiti
grande parte dos zulus
dominicanos rejeitam
a adoração de vudus
Durante o Santo Oficio
E a caça à bruxaria
no coração hispânico
surge o amor colonial
E em meio à baixaria
Viram que a terra dava
De janeiro até dezembro
E então fincam raízes
fazem filhos nas índias
o arcabuz vira lei
e os canhões,
diretrizes.
Diante dessa história
agora sob os meus pés
dispo-me da pele pálida
que me deu a conquista
e pinto-me de jenipapo
para chegar,
eu acho
mais perto daquilo
que aprendemos
chamar de Justiça…
Santo Domingo, 29 de março de 2019