Essas esmeraldas de um garimpo inexplicável me atraem. Mas é mais que estético. É algo ancestral, algo perdido no tempo como o carinho de uma mãe, como o toque na pele de um bebê.

 

E os traços firmes do rosto, que me remetem a uma curva de um rio do Mato Grosso, de Pernambuco com seus pedrais de Petrolina, saltam sobre meus olhos e diz: você é diferente, tem um brilho que lava o meu passado e ilumina, talvez, não sei, apenas o meu próximo minuto.

 

Somos ímpares conforme a vontade mineral que está incrustada em alguma grota de um tempo sem data.

 

Traz uma pedra preciosa no nome enquanto tenho uma pedreira para quebrar. Tem uma clareza de cristal retirado no exato instante da dúvida. No segundo do retorno.

 

Talvez a luz na estrada de Damasco tenha algo a ver com isso. Ficar cego para enxergar; chorar para ser feliz. São tantas coisas enigmáticas que me fazem crer que nada é definitivo, até mesmo sonhar.

 

E antes, mesmo que algo maior  possa acontecer sem a permissão de Deus, olho para meu garimpo interno e vejo que as pedras preciosas que tenho, o ouro que acumulei, os diamantes que escondi e até essas esmeraldas que tenho medo de querer fazem-me um garimpeiro íntegro, mesmo diante do mais alto fulgor.

 

Paulo Atzingen

 

São Paulo,  27 de setembro de 2017

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