O arco um dia fiz
artesanalmente
para a flecha que lançaria
nem mesmo tinha um alvo
fixo, permanente.
Ele movia.
e a flecha foi incerta
acertar a meta
que se despedaçaria.

Desse movimento que ia
e voltava entrava noite
e saía dia
mirei o leste por causa do sol
que nascia

acertei o Norte
uma arara e um filhote
de cotovia.

Vivo hoje a Cidade Luz
em tempos de Macron
e talvez, por acaso
fui ser gauche na vida
como Drummond
Vejo os manifestos dos franceses
exigindo menor tempo
de aposentadoria
lançam flechas e molotovs
defendem direitos adquiridos
conquistas da democracia.

Miterrand abriu essa porta
de viver-se a vida
a partir dos sessenta.
Sentar nos cafés
da Champs-Élysées
comer dois croissant
obtendo dos franceses
o direito
não de ser um bon vivant
mas
de sorver o bom, o belo
ao envelhecer.

E ao passar sob a torre
mais famosa da Terra
e desses monumentos
sobreviventes à guerra
convido você
que me lê
comemorar junto
minhas flechas de junco
lançadas ao vento
meus descaminhos Gerais

O meu arco
do triunfo.

 

Compartilhe:

1 COMENTÁRIO

  1. Para a matemática, arco é uma porção da curva contínua compreendida entre dois pontos. Cada qual desenha sua porção. De um ponto ao outro, o Poeta resgata a trajetória da vida, na qual o arqueiro aponta suas flechas. Com os anos passados, reconhece que a corda, sem roldanas, quando esticada, tenciona ilusões. Os alvos aparentam estar na mira. Porém, as hastes longas e finas ganham asas, como um filho. Ruma caminhos próprios. Comemoramos, com alegria e admiração, o seu triunfo.

DEIXE UMA RESPOSTA