Juanito vivia no fundo do vale na fazenda de Jowkin Égide em uma casinha bem longe da cidade. Sua mãe Dolores era viúva e os únicos bens que possuíam eram um galinheiro com uma centena de galinhas de Angola e dois cães, Thula e Pirata. A casa era regularmente visitada por siriemas, bem-te-vis faziam ninho e até tucanos davam pouso por lá.
Certo dia pela manhã Dolores fala ao filho:
Juanito, necesitas conseguir un trabajo!!. Vá recolher os ovos das galinhas e arrancar essas árvores ao redor da casa; as raízes estão entrando pelo assoalho e rachando o chão! O filho não obedeceu a mãe e para não magoá-la por completo fez foi debastar alguns galhos que invadiam as janelas e criavam sombra na pequena varanda humilde.
Caiu a noite e com ela veio uma grande tempestade. Nem Juanito, nem Dolores dormiram porque a casa chacoalhou de uma forma violenta soprada pelo vento e parecia que suas pequenas colunas de madeira levantavam do chão.
Dolores rezou o terço dez vezes, clamando aos céus para que sua casa não virasse lama e entulho. Juanito, ao lado da mãe, não rezou, porque não sabia rezar, mas fez um pedido a Éolo, o deus do vento.
Um pouco antes de clarear, a tempestade abrandou e tanto mãe, quanto filho puderam dormir e o fizeram profundamente. Pela manhã uma grande névoa cobria a casa. Juanito não conseguia enxergar um metro diante do nariz.
Mamãe! Cadê você?
¡Estoy aquí, Juanito! ¡En el cuarto! ¿Qué humo es este? ¡no veo nada! Gritou Dolores do outro quarto.
Não é fumaça, Mamãe, é neblina!
Caminharam com dificuldade até a varanda de onde vinha uma claridade de sol.
O dia começava seu trabalho jogando luzes sobre tudo. E tudo era de um encantamento só!
Juanito! ¿Qué sucedió?
Mamãe, ainda não sei. Lembro que na tempestade pedi ao deus grego para que a nossa casa fosse içada para o céu e fosse a mais alta da serra!
A mãe não conseguia acreditar no que acontecera da noite para o dia. Estavam no alto, bem alto e sua pequena casa de madeira se transformara em um grande solar com vários quartos, uma ampla sala com lareira, uma ampla cozinha, uma enorme varanda circundava a casa que tinha também um lago.
À medida que clareava, as nuvens se dissipavam e os bichos que normalmente apareciam pela manhã surgiam, um a um, agora com outra roupagem. As siriemas transformaram-se em serviçais e vieram servir o café ao filho e à mãe. O casal de tucanos se identificou como cozinheiro e camareira, respectivamente, os bem-te-vis eram os mensageiros e traziam e levavam notícias do mundo.
Juanito, ¿puedes creer esto?
Não mama. Não lembro de ter pedido tanto…
Caminharam juntos, mãe e filho, para a porta da grande casa que estava resguardada por Thula e Pirata. Os cachorrinhos agora eram dois leões enormes, guardiões da casa.
Do lado da nova morada um campo imenso, com uma capela. Dolores leva Juanito até lá, convence-o a se ajoelhar e rezar e ele assim o faz, sem reclamar, acompanhando-a. Mais abaixo, onde deveria estar as galinhas de Angola, dezenas, centenas de cabras pastavam.
Seriam, a partir de agora, a fonte de leite e de carne para várias e várias gerações…
Durante a tempestade da noite a casa elevou-se do fundo do vale para o topo da serra içada pelas raízes das árvores e pelas forças internas da terra. Isso a ciência explicou.
Mas a transformação dos bichos e do coração de Juanito permanecerão um mistério.
Assim surgiu a fábula da Casa e o nome Serra das Cabras.
Moral: A fé remove montanhas
Paulo Atzingen, outono 2023 (inspirado na Fábula João e o Pé de Feijão)
Paulo!!! Que inspirado! Muito legal.
Muito interessante a história, tirada da história João e Maria e o pé de feijão.
Q lindo…
Amei!