por Paulo Atzingen
A volta contra o sol
joga os ponteiros pra frente
nesse círculo Atlântico
encontro o elo rompido
entre esses dois continentes
Na volta retomo o laço
refaço a ponte queimada
a fossa abissal
entre o Cabo
da Boa Esperança
e o nosso Carnaval
Na volta à nossa mãe preta
faço esse jogo semântico
na busca da palavra certa
seja um verbo dourado
um ébano em prata
um marfim quântico
A volta à Mama África
traz à lembrança o tempo
dos baobás, dos elefantes
das savanas
e rinocerontes
O hino da pátria negra
cantado por milhares de vozes
resgata
uma íntima aquarela
Traz a lembrança
o meu ontem
Gandhi, Luther King
Mandela
A volta à África Negra
altera o fluxo do mundo
que gira na direção do horário
e atende quase sempre
a economia o mercado
Minha volta à África Negra
propõe uma releitura
Uma história ao contrário
Joanesburgo, 20 de outubro 2019