A revista Agente Urgente 131 que foi veiculada e distribuída na Expo Turismo do Paraná neste mês de junho é provocante por sua audácia editorial. Ela dá um tapa com luva de pelica no rosto de publishers que ficaram à beira da estrada para pedir carona na cherokee pública. Ela é provocante porque seu formato Berliner (290mm x 380mm) foge à regra de todos os formatos que sobreviveram após a travessia do mar vermelho que tem águas digitais.
Por Paulo Atzingen*
Sim, ela provavelmente tem alguma verba estatal para ser o que é e circular onde circula, mas o profissionalismo comercial que a revista exala de suas páginas com anúncios publicitários (bonitos! esteticamente perfeitos!) comprovam que a união entre os interesses público e privado dá certo quando tem gente competente à frente do trabalho e que coloca alma e o coração no que faz, antes do bolso. Exagero? Leia, veja, beba a revista!
A revista Agente Urgente é provocante porque ela é a típica publicação que dá uma resposta audaciosa à pastelaria que se transformou o mundo editorial do consumo imediato, seja digital ou impresso. Sem ser uma obra de arte, a revista oferece um deleite a quem a folheia. Suas páginas em papel couchê de boa gramatura deslizam na ponta dos dedos e oferecem um equilíbrio de formas e colunas, de fotos e anúncios com o merecido respeito a quem a consome.
Revistas impressas com essa singularidade em tintas e textos tendem a sobreviver. Revistas que trazem o fato acontecido com a sutileza da análise, com a agudeza na forma de apresentar o assunto velho sem que esteja cheirando a mofo, mas dando a ele uma outra forma de vida, usando simplesmente um verbo ou um substantivo mais jovem, hão de sobreviver.
A revista Agente Urgente foge do cemitério de fotografias de eventos sociais de apaniguados. Ela é um presente ao agente de viagem, ao profissional de turismo, que é provocado a levá-la na mala ou na mochila para ler depois. É a única revista de uma associação de agentes de viagens do Brasil que sobreviveu.
Folheio a edição 131 e percebo a disposição das matérias e artigos, intercalados com os anúncios, que não surgem como intrusos, forasteiros em um plano de conteúdo e imagens, mas são inseridos ali quase como um complemento de ideias, sugerindo, mais instigando que explicando, mais provocando que vendendo.
Revistas impressas com essa disposição de anúncios e conteúdo tendem a sobreviver porque ninguém mais é ingênuo editorialmente falando e ninguém tem mais tempo para ver o trivial, ou o mais do mesmo. Vivemos uma revolução pós-estética e editorial (disruptiva em linguagem moderna) em que todos são sub-editores de uma imagem ou de alguma ideia e todos desconfiam de um produto que serve para enganar só mesmo a quem o fez.
A edição digital da Agente Urgente é da mesma forma bem resolvida, com uma grande facilidade de leitura e deleite.
Quem faz a Revista Agente Urgente?
Revista da Associação de Agentes de Viagens do Paraná – ABAV-PR, a Agente Urgente tem em seu expediente os nomes de Edson Gois Militão da Silva (jornalista responsável), Gustavo Ribeiro (redator e editor) e a empresa SidneySaito (editoração eletrônica). A distribuição é gratuita e via mala direta distribuída às empresas de turismo e viagens.
A foto da capa desta edição é de Daniel Castellano