O emaranhado de janelas
guarda atrás
cada uma delas
o pedaço de futuro
projetado bem antes
no labirinto do
depois
desses corações puros
que fazem planos
e inventos
torres e prédios
de construção civil
nesse emprenhamento
de pátria chamada Brasil.
A urbe cresce tal
serpente
e a anaconda
imobiliária
com sua língua
transparente
promete apartamento
com varanda gourmet
àqueles seres vivos
que na seleção
da espécie
foram coniventes
ao sistema financeiro
pagando com juros
taxas e dividendos
A dívida exorbitante
do banqueiro.
Essa triangulação
do empréstimo bancário
aos fundos de investimento
teve o aval do palácio
e do congresso nacional
numa desfaçatez
que trás em seu bojo
um lesa-pátria
um desfalque cívico
um assalto ao povo.
Tal um crime hediondo
isto se configura
porque não permite
ao trabalhador de bem
e sua família
ter um destino melhor
e com mais.
É preciso se contentar
com casas de pombo
esmolas institucionais.
Do pai ou da mãe
nasce primeiro o sonho
um projeto envidraçado
com garagem
e solário
para que ninguém
filho neto sogro
avô cunhado
tia enteada
e o diabo a quatro
viva solitário.
Cria -se a comunidade
e a pedagogia
do comprimido
distribui-se gotas
de alucinógeno
aspirina e sal de fruta
eno
liberado no Supremo
e detrás
do mecanismo
e de todo estratagema
conquista-se o
Habite -se
sob uma dura pena
e sob folhas
de Brasilit.