Esta Amiga
do granito do Itacaiunas
da solidariedade afluente
do coração verdadeiro
rompeu barreiras,
varou baías sem pontes
engoliu poeira
viu Belém no horizonte
foi a primeira das cinco irmãs.
Essa Amiga
foi a guerreira da ponta
foi a parceira, mãe, madrinha
foi pai onde não havia homem
foi mais
quando não se dava conta
abriu trincheiras
abraçou designios
ligou os elos
o passado imutável das barrancas
de um rio
a um dia sem nuvens
na capital de um Brasil.
Essa Amiga
ligou gente do Norte
com gente do Sul
fez o encontro de vidas
Seu coração deu trabalho, água e pão
deu guarida
a homens e meninos
crianças desamparadas
grandes
e pequeninos.
Esta Amiga
que partiu ao infinito
paira agora entre nuvens
e memórias
Não sei se choro
pelo não feito
não sei se grito
o seu nome bem alto.
Sei que voa lá em cima
e observa o encontro dos rios
a confluência das pessoas
em sua vida
que passaram talvez
como aves.
fica com Deus
amiga
CELDA Chaves.
São Paulo, 21 de agosto de 2021