Então, a mãezinha, a “dona Dady”, que era professora, além de professora normal com as aulas dela, ela gostava de fazer apresentação teatral. E nós éramos em quatro filhos naquela época, a gente sempre era, vamos dizer assim, escalados? Não! A gente era obrigado mesmo a participar das criações da mamãe. Não tínhamos escolha, tínhamos que ir…

E uma vez ela escreveu um texto de uma cigana que adivinhava a vida das pessoas e eu, né, lógico, teria que ser a cigana. Ela costurou a roupa, aquela saia bonita, a blusa, turbante, fez a maquiagem, tudo! E aí, combinou com umas pessoas do público, né, que eu iria “entrevistar” e fazer as adivinhações…

E aí o “espetáculo” começou. Aquele monte de gente, tal, aquele palco lá, mais alto e eu lá em cima, comecei a declamar o texto já decorado. Tinha um caso que era verdade, que eu falava de uma pessoa que tinha tido uma criança (fora do casamento – um pecado para a época) e nossa era “verdade” e todo mundo: -“Nossa! Olha! É verdade! Teve a criança!”
E depois, falava de um outro caso que tinha acontecido que a gente já tinha combinado, e todo o público: “Nossa é verdade”! e ficou aquele rebuliço na plateia.

E aí, acabou a minha fala, agradeci, todo mundo bateu palma e eu saí, desci do palco, mas…o povo todo saiu atrás de mim querendo que eu fizesse mais adivinhações e queriam que eu lêsse a mão de cada um deles…

Saí apavorada e a mãezinha correndo comigo apavorada, entramos em uma sala de aula e me enfiei embaixo de uma carteira e ela pôs umas carteiras segurando a porta e eles iam na janela e batiam na janela e eu, escondida, tremendo de medo…eu nunca passei tanto medo na minha vida! E o pior é que tinha mais coisa ainda prá ser apresentada naquele dia, mas, ninguém mais voltou prá lá!. Ficou todo mundo lá esperando a ciganinha!

A gente teve que ficar horas esperando o povo desistir e ir embora pra poder ir pra casa.

(Relatado por Elizabeth von Atzingen, transcrito pela Mônica von Atzingen)

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