Nós íamos prá serraria, lá na beira do rio Inhaúmas, isso lá na década de 60, eu e “seu Noé“.

“Seu Noé” tinha deixado eu dirigir o jeep de Planalto do Sul prá serraria que era, mais ou menos, uns 20 km de estrada de terra. E “seu Noé”, sentado no banco do lado, contando uma história que ele, naquela região, naquele local, ele tinha caçado uns veados uns dias antes e tinha dado um tiro num veado e tal, que tinha matado um veado ali e, todo empolgado, me convidando prá sair, prá fazer uma caçada de veado junto com ele no próximo dia.

E nós estávamos indo e, de repente, pula um bicho no meio da estrada, pulou do meio do “colonião”, “colonião” de uns 3 mt de altura, de noite, no escuro, o jeep com farol que parece dois tomates na frente.

O bicho pulou no meio da estrada e o “véio” gritou:
– ” Ó o viado!”

E nesse momento ele já puxou o revólver que estava do lado dele, botou a mão prá fora do jeep e deu um tiro. Esse bicho pulou pro mato e ele:
– “Pára, pára, pára! Pára, que eu matei! Pára, que eu matei! Acertei! Acertei!
Eu estava dirigindo o jeep, eu tinha…eu era um moleque de uns 13 anos, parei o jeep e ele:

– “Pega o farolete! (Na época falava era farolete) Pega o farolete! Pega o farolete”!
Aí, eu peguei o farolete e descí junto com ele e saímos procurando o veado que ele tinha atirado! E vai mexendo numa moita, vai na outra, no meio do capim.

– ” Ó, o veado taquí, o veado taquí! O veado taquí”
O bicho se batendo no meio do mato, aí eu bati a lanterna, né, batí a luz do farolete na bunda do bicho assim. Ele olhou prá minha cara, assim, no escuro, mas, eu tenho ideia da cara que ele fez e ele falou assim:
– “Rapaz, veado tem marca? Eu matei foi um bezerro”!

Era o bezerro da fazenda do vizinho.

(Relatado por Nelson Eduardo von Atzingen, transcrito pela Mônica von Atzingen)

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